sexta-feira, 30 de maio de 2008

"Maio de 68", quarenta anos depois, o sonho acabou?


A faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, promoveu nos dias 28 a 30 de maio a palestra Maio de 68, o sonho acabou? Com participações de alunos, professores, jornalistas, cientistas políticos, assistente social, sociólogo, médico e simpatizantes que marcaram a época. Os alunos do curso de comunicação social aproveitaram as palestras para se informar com mais clareza sobre o assunto. No dia 28 de maio a palestrante Gilse Cosenza. Assistente social. Formada pela PUC MG, nos anos 60, militante do movimento estudantil e da organização de esquerda Ação Popular, palestrou a partir do tema: um olhar feminino sobre a luta política.
Gilse afirma que foi presa e torturada o que a levou a optar pela clandestinidade, na qual permaneceu por dose anos, acrescenta que história contada em escolas de ensino médio e fundamental é muito fantasiosa, os livros didáticos não
mostram com clareza a realidade do movimento e acrescenta "somente quem vivenciou esse fato histórico da humanidade tem total consciência do acontecido, o reflexo desse movimento é bem nítido em todo mundo o que prova que o sonho ainda não acabou”. A aluna Andréia Cristina Silva, estudante do primeiro período de administração, participou da palestra apenas por curiosidade, pois não se estendia a seu curso, e afirma “saio hoje daqui com uma enorme bagagem cultural, aprendi parte da nossa história que jamais pensei existir”. Para fechar o evento com chave de ouro a faculdade promoveu a apresentação da peça “Cadeiras Cativas”, texto e direção da professora de língua portuguesa da faculdade Estácio de Sá, Cristiane Cândido. A peça aborda diferentes constrangimentos sociais e individuais e mostra como a política influência o comportamento humano.

O movimento Maio de 68 foi um período marcado pela movimentação estudantil ocorrida em paris, na França, que termina em confrontos entre jovens e policiais durante todo o mês de maio, ocasionando uma greve geral. Iniciada por estudantes, conta com a adesão de trabalhadores e espalha-se, posteriormente, para outros países. Rapidamente ela adquiriu significado e proporções revolucionárias, mas em seguida foi desencorajada pelo partido comunista francês, de orientação stalinista, e finalmente foi suprimida pelo governo, que acusou os comunistas de tramarem contra a república.

Em 1968, descontentes com a disciplina rígida, os currículos escolares e a estrutura acadêmica conservadora, estudantes de paris organizam protestos que levam à ocupação da universidade de Nanterre (oeste de Paris), em 23 de março. Em 6 de maio ocorre o confronto entre 13 mil jovens e a polícia. Os policiais lançam bombas de gás lacrimogêneo, respondidas com pedras pelos jovens. Entre os líderes estudantis destacam-se Daniel Cohn-bendit e Tiennot Grumbach. Nos dias seguintes, continuam as manifestações, e cerca de 150 carros são danificados ou incendiados. A princípio, o governo francês fica paralisado. Mas a situação é controlada no final de maio, com violenta repressão. No total são mais de 1,5 mil feridos. O governo de de Gaulle, abalado, sustenta-se no poder somente até abril de 1969.

Os acontecimentos em paris fazem parte de um movimento maior de contestação que ocorre em vários países do ocidente, como Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda (países baixos), Suíça, Dinamarca, Espanha, Reino Unido, Polônia, México, Argentina e Chile. No Brasil houve manifestações estudantis contra o regime militar de 1964 e a reforma universitária proposta pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Alguns filósofos e historiadores afirmaram que essa rebelião foi o acontecimento revolucionário mais importante do século xx, por que não se deveu a uma camada restrita da população, como trabalhadores ou minorias, mas a uma insurreição popular trabalhadores, aproximadamente dois terços dos trabalhadores franceses.


Uma das principais marcas dos protestos de estudantes e operários na França, em 1968, foram os slogans escritos nos muros e cartazes espalhados por Paris Irreverentes e provocadoras, de forte teor surrealista, as mensagens eram dirigidas não só ao poder, aos patrões e à polícia, mas também aos próprios estudantes e às instituições da esquerda tradicional.

Ana Flávia Araújo