quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Fidel sai de cena
Para muitos, ele representa o último expoente de uma era romântica. Para outros tantos, é apenas um ditador cruel. Certo mesmo é que o anúncio de Fidel Castro Ruz, 81 anos, de que não voltará mais ao poder em Cuba marca o fim de uma era.Líder da Revolução Cubana de 1º de janeiro de 1959, o sujeito mundialmente famoso por seu carisma, longos discursos, barba igualmente comprida e pela indefectível farda verde-oliva estava afastado do governo desde julho de 2006, devido a problemas de saúde. Seu irmão mais novo, Raúl Castro, 76 anos, assumiu provisoriamente o poder. Agora, ocupará de forma definitiva o cargo exercido por Fidel há 49 anos, sem interrupções. A renúncia do presidente cubano veio a público no começo da manhã, na capa do jornal oficial Granma. As palavras ocuparam toda a capa e foram definitivas. A meus queridos compatriotas comunico que não aspirarei e nem aceitarei, repito, não aspirarei nem aceitarei, os cargos de presidente do Conselho do Estado e de comandante-em-chefe escreveu. Assim, Fidel não participará da sessão da Assembléia Nacional (parlamento), no próximo domingo, quando serão escolhidos os 31 membros do Conselho. Alegou falta de condições físicas, decorrência diretas da cirurgia no intestino em julho de 2006 e da idade avançada. A nova Assembléia Nacional, eleita no fim de janeiro, tem até 45 dias para escolher o chefe do governo. Desde 1976, Fidel vinha sendo eleito e confirmado em todas os pleitos, que se realizam a cada cinco anos. Eleições, é claro, com candidatos do único partido legal na ilha, o Comunista afinal, trata-se de uma ditadura. A seu modo por meio de mensagens cifradas, Fidel vinha preparando há meses o terreno para o afastamento. No último sábado, anunciou que abordaria um tema de muito interesse em sua próxima reflexão. Em dezembro, surpreendeu ao dizer que não se apega ao poder quase meio século depois de derrubar outro ditador Fulgencio Batista, e que era preciso abrir caminho para as novas gerações. O líder socialista mostra apoio irrestrito a Raúl companheiro de revolução e de luta contra os EUA como seu sucessor. Em seus quase 50 anos no comando de Cuba período durante o qual, como comparação, 10 presidentes passaram pela Casa Branca, Fidel implantou um regime que aprisionou centenas de dissidentes e calou a imprensa, viu-se obrigado a um enfrentar um embargo econômico, mas ganhou elogios pelos bons resultados nas áreas de saúde e educação. Ontem, saiu de cena à sua maneira.
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